segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Capitão culpa empresa dona do navio por aproximação à costa

A vida ainda não voltou à normalidade na pequena vila de Giglio. O navio afundado é uma imagem que amedronta e incomoda. Durante o inverno, menos de mil habitantes vivem na Ilha do Giglio. Depois do acidente, o prefeito convocou mais de 500 pessoas para voltar e receber as equipes de resgate.

Justamente na Ilha do Giglio ouvem-se os depoimentos mais solidários ao capitão Francesco Schettino. O velho marinheiro reconhece que o comandante errou, mas diz que com sua manobra salvou a maioria dos passageiros, trazendo o navio próximo à ilha.

Silio Matera, que passou a vida viajando com os petroleiros, admitiu que os navios de passageiros passavam sempre muito perto da Ilha do Giglio, mas nunca como desta vez. Para quem procura um irmão desaparecido, como o indiano Kevin Rebelo, é difícil aceitar a definição de erro humano.

“É um comandante playboy, que só quer se divertir. Ele abusou do poder. Com seu pequeno erro, pôs em perigo a vida de tantas pessoas. E agora ele está em casa, tranquilo. Ele devia estar na cadeia”, protestou o indiano Kevin Rebelo.

Quanto foi interrogado, Francesco Schettino disse que enquanto o navio afundava, ele pedia para o administrador da Costa Cruzeiro que mandasse um rebocador e telefonasse para a capitania dos portos. Schettino disse também que era a própria operadora do navio que pedia aos comandantes que se aproximassem das ilhas.
Para muitos, o capitão Francesco Schettino tornou-se o símbolo de uma Itália que os italianos querem esquecer. O capitão, de 52 anos, antes era considerado um “bravo” comandante.

Em imagens exclusivas, Francesco Schettino aparece sorridente no próprio Costa Concordia, em uma viagem em setembro de 2011. Ele apresenta sua tripulação aos passageiros em vários idiomas. Em outro vídeo, ele celebra uma renovação de votos de casamento de vários casais a bordo do transatlântico.

O marinheiro que fez carreira na empresa tem sangue azul. A mãe pertence a uma família nobre de Sorrento, Cafiero. Ele é casado e tem uma filha de 15 anos. Na sua cidade, Metta di Sorrento, os vizinhos chegaram a se manifestar para apoiá-lo. A faixa pedia: “Comandante, não desista”.

A investigação depende agora da localização da caixa preta com os dados de navegação. A polícia procura também uma mulher a quem o capitão teria entregado o laptop dele ao abandonar o navio. Os promotores acreditam que o computador pode conter informações essenciais para o inquérito.

A imagem da tragédia ali tão próxima do litoral acabou virando atração turística. Moradores das ilhas vizinhas lotam barcos para a Ilha de Giglio. A placa avisa que já não tem mais lugar para passageiro nem pra carro. Mesmo assim, eles enfrentam fila no porto. Tiram fotos e mal acreditam que o naufrágio aconteceu tão perto de casa.

G1

Nenhum comentário:

Postar um comentário