segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Cruzeiro marcará os cem anos do Titanic

Apenas um nome faz com que a oferta de um preço mínimo de US$ 4.900 por uma cabine num cruzeiro marítimo, cujo auge é vislumbrar a imensidão do Atlântico Norte, não soe estapafúrdia – mesmo diante da presença de mimos como um baile de máscaras a bordo. Ou que curiosos com a conta bancária mais do que no azul desembolsem cerca de US$ 60 mil por um passeio de minissubmarino para ver destroços do século XX. Mas a embarcação em questão é o Titanic, e 2012 marca os cem anos do mais célebre naufrágio dos tempos modernos. E também o mais explorado.

Os eventos de 15 de abril de 1912 já foram relatados numa série de meios, incluindo um filme que arrecadou mais de US$ 1,8 bilhão ao redor do mundo e durante 12 anos foi o mais rentável da História. No entanto, o filão está sendo reaberto por ocasião do centenário da tragédia em que 1.517 pessoas perderam a vida, tanto por força das temperaturas glaciais da água ou da negligência – havia, por exemplo, coletes e botes salva-vidas de menos para os passageiros.

Um calendário de eventos especiais está sendo preparado no Reino Unido, berço e ponto de partida do navio tido como inafundável, mas que acabou popularizando icebergs décadas antes das preocupações com o aquecimento global. Nem mesmo o fato de que 2012 será também marcado pelas Olimpíadas de Londres e pela celebração dos 60 anos de reinado de Elizabeth II inibiu ideias de homenagens.

Elas vão além de iniciativas mais grandiosas, como o Cruzeiro Memorial, que recriará a rota parcialmente cumprida pelo Titanic, entre Southampton, no Sul da Inglaterra, e Nova York – e que já está lotado, com passageiros de 28 nacionalidades, segundo a agência de turismo organizadora da empreitada.

Há ainda outras alternativas, como passeios marítimos em um navio saindo de Nova York, e até mesmo uma opção mais em conta entre Southampton e Belfast, na Irlanda do Norte, onde ficava localizado o estaleiro em que o navio foi construído. A cidade, por sinal, ganhou um novo centro temático inspirado pelo Titanic. Ao custo de US$ 150 milhões, a construção será concluída em março e se tornará a mais cara atração turística da História do país.

Na TV, telespectadores britânicos e de todo o mundo poderão ver uma minissérie inédita sobre o navio, que promete se concentrar nas vidas da tripulação. Dez cidades britânicas farão parte ainda da turnê de “Titanic, o Musical”. Do outro lado do Atlântico, “Titanic”, o filme com que o diretor e produtor James Cameron saiu da cerimônia do Oscar de 1998 carregando 11 estatuetas e viu sua conta bancária inchar, ganhará uma versão em 3-D, com estreia marcada para 6 de abril.

Também nos EUA, ainda que dependendo do desfecho de uma disputa judicial, o maior leilão de todos os tempos de relíquias do navio (mais de 5 mil, incluindo um pedaço do leme) será realizado em Nova York, com a expectativa de arrecadação de US$ 187 milhões. Porém, cifras vultosas e programação de eventos extensiva também têm dado margem para críticas de que o interesse, sobretudo o comercial, desrespeita a memória das vítimas.

Parentes de passageiros queixam-se do que consideram algo próximo de uma violação de túmulos, nem sempre em caráter simbólico. Numa recente entrevista ao jornal “Sunday Times”, Richard Littlejohn, cujo avô trabalhava no Titanic e conduziu um dos bote salva-vidas, contou ter se deparado com sinais de operações ilegais de coleta de objetos do navio quando participou de uma expedição submarina rumo aos destroços.

- Vi uma rede bem moderna, deixada para trás por algum caçador de tesouros não autorizado. É um negócio turvo – reclamou Littlejohn.

No entanto, organizadores das celebrações negam estar faltando ao respeito com a memória dos mortos:

- O Cruzeiro Memorial tem parentes das vítimas entre os passageiros. E a programação conta com uma missa em homenagem aos mortos, em que coroas de flores serão atiradas na água nas coordenadas do naufrágio. É uma maneira apropriada de homenagear as vítimas – diz Miles Morgan, organizador do passeio.

No entanto, o cruzeiro inclui uma noite em que os passageiros participarão de um baile de época, com trajes da Era Eduardiana, período do reinado de Eduardo VII na Inglaterra, logo antes da tragédia.

Fonte: PORTAL MARÍTIMO

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