domingo, 15 de janeiro de 2012

Socorristas encontram três sobreviventes; Brasileiros retornam

Parte dos 26 brasileiros atendidos na noite de sábado no Consulado Brasileiro em Milão chega ao Brasil já neste domingo. Um grupo de 17 pessoas desembarca na noite deste domingo em Fortaleza, segundo informações do conselheiro Antônio Luz, cônsul geral-adjunto em Milão, e um grupo menor seguirá para Brasília. Um casal deve chegar a São Paulo na segunda-feira.

No sábado, cinco ou seis brasileiros já teriam embarcado para o Brasil. Um casal era aguardado neste domingo no consulado em Milão, para emitir os documentos necessários para a viagem de volta.

Autorização de retorno

Quem perdeu os documentos no naufrágio, precisa de uma Autorização de Retorno ao Brasil (ARB) ´´ e foi isso que grande parte dos brasileiros recebeu na véspera em Milão.

Para aqueles que optaram por seguir viagem no exterior, é necessário fazer um novo passaporte e, neste caso, será preciso aguardar até segunda, durante o horário normal de expediente dos consulados brasileiros na Itália, informa o conselheiro Antônio Luz. "A gente emite [o passaporte] no mesmo dia."

Segundo o Itamaraty, havia 53 brasileiros à bordo do navio Costa Concordia, que naufragou no Mar Mediterrâneo, no litoral da Itália, na sexta-feira (13). Destes, 47 eram passageiros e 6 pertenciam à tripulação.

Nem todos passaram pelo consulado brasileiro, seja em Roma ou Milão, mas Luz diz que não há nenhum brasileiro entre os mortos nem entre os desaparecidos. Os brasileiros que não perderam seus documentos no acidente, por exemplo, podem ter voltado para o país, sem passar pelo consulado, explica.

“Os brasileiros estavam espalhados nas imediações do local do naufrágio”, diz o conselheiro Antônio Luz.

Seis dos 11 gaúchos que estavam a bordo do navio desembarcaram no Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, pouco antes das 10h deste domingo.

Brasileiros estavam calmos

Segundo o cônsul geral-adjunto, os brasileiros que foram atendidos em Milão estavam bem. “Diante das circunstâncias, eles estavam até bastante calmos, salvo duas ou três pessoas, principalmente jovens, que estavam mais vulneráveis. O ânimo, no âmbito geral, era relativamente bom”.

Como muitos perderam tudo no acidente, o consulado ofereceu roupas e serviu sanduíches, água e café quando chegaram ao local.

Os brasileiros atendidos no consulado em Milão pernoitaram em hotel pago pela Costa Cruzeiros, segundo informações do cônsul geral-adjunto, e seguiram para o aeroporto de Lisboa em ônibus fretado pela empresa.

Antônio Luz destacou que, apesar dos "percalços" iniciais, a companhia tem prestado toda a assistência necessária aos passageiros. "No início, numa tragédia desta dimensão, não estavam 100% preparados. Eram 4.200 pessoas que ele tinham que 'tomar conta', digamos assim. Houve percalços."

Vítimas

Até o momento, três pessoas morreram no acidente, dois turistas franceses e um peruano membro da tripulação. Entre 60 e 70 passageiros ainda estão desaparecidos, segundo informou o comandante Cosimo Nicastro, do Comando Geral da Guarda Litorânea da Itália.

Nicastro afirmou à imprensa no Porto Santo Stefano, o mais próximo à ilha de Giglio, que esses números ainda não são definitivos. Mergulhadores estão realizando buscas no interior da embarcação, que está inclinada a 80 graus e submergida a 30 metros de profundidade num banco de areia.


>> Você conhece alguém que estava a bordo do navio? Mande seu relato para A Tribuna Digital através do e-mail digital@atribuna.com.br. É necessário colocar no campo assunto "Costa Concordia" e informar um telefone para contato.

O navio chocou-se contra uma rocha, encalhou em um banco de areia próximo à ilha de Giglio, na Toscana, região central da Itália, teve seu casco quebrado, virou e ficou parcialmente submerso. O acidente ocorreu a cerca de 40 quilômetros do continente.

As vítimas morreram afogadas. Os desaparecidos podem ter procurado abrigo com os moradores da ilha.


Segundo a imprensa local e testemunhas, a retirada dos passageiros e membros da tripulação do navio Costa Concordia apresentou complicações.

Muitos dos 3.200 passageiros e 1.023 tripulantes foram levados para o porto de Santo Stefano, no continente, onde estavam abrigados em escolas, igrejas e outros edifícios públicos.

A Defesa Civil montou uma grande tenda em que os náufragos eram identificados antes de serem levados, de ônibus, para hotéis da região.

Hora do jantar

Um dos passageiros do Costa Concordia disse à imprensa italiana que, por volta das 21h30 (18h30 no horário de Brasília), "todos estavam jantando quando a luz apagou, houve um tranco e os pratos caíram da mesa".

Quando a luz voltou, o comandante do navio anunciou uma avaria no gerador elétrico e garantiu um conserto rápido, mas um vazamento de água se abriu no navio, que ficou inclinado.

A tripulação pediu que todos colocassem os coletes salva-vidas e logo veio a ordem para abandonar o navio, disse o passageiro.

Antes disso, muitos passageiros, apavorados, teriam se jogado na água, segundo testemunhas.

Outra passageira, a jornalista Mara Parmegiani, descreveu "cenas de pânico dignas do 'Titanic'", com empurrões entre os passageiros, gritos e choro.

Ela também denunciou o que considerou a falta de preparação da tripulação, afirmando que houve problemas quando os botes salva-vidas foram lançados ao mar e que alguns coletes salva-vidas não funcionaram.

Unidades da Guarda Costeira, navios mercantes e ferrys garantiram a evacuação dos passageiros e tripulantes.

No total, 12 navios e 9 helicópteros foram mobilizados para verificar se não há ninguém no mar, segundo o porta-voz da capitania de Livorno, Emilio Del Santos.

Mergulhadores iriam entrar no navio para procurar eventuais corpos que podem ter ficado presos.



Causas desconhecidas

A Costa Cruzeiros, dona do barco, se declarou "consternada" e expressou seus pêsames às famílias. Indicou que não é possível determinar de imediato as causas do acidente e assegurou que a retirada foi rápida, apesar de difícil, já que estava entrando muita água no barco.

O navio, que partiu na sexta de Civitavecchia, na região de Roma, faria um cruzeiro de uma semana pelo Mar Mediterrâneo com escalas programadas pelas cidades de Savona, Marselha, Barcelona, Palma de Mallorca, Cagliari e Palermo, informou a assessoria de imprensa da matriz da empresa.

O Costa Concordia, de 290 metros, tem 58 quartos com suíte e balcão, cinco restaurantes, 13 bares e quatro piscinas.

O site da operadora aparentemente entrou em colapso diante do volume de acessos, mas a empresa pôs à disposição uma linha telefônica para responder aos pedidos de informação.

A capitania do porto de Livorno, o maior da Toscana, anunciou a abertura de uma investigação sobre a causa do acidente e como os passageiros foram resgatados. A Costa informou que vai cooperar plenamente com as autoridades.

Leia íntegra da nota da assessoria:

"O Grupo Costa confirma a evacuação de cerca de 3.200 passageiros e 1.000 tripulantes a bordo do navio Costa Concórdia, próximo da Ilha de Giglio, na Itália.

A evacuação começou imediatamente, porém a posição do navio está dificultando a finalização do processo.

Até o momento, não é possível determinar as razões do problema ocorrido.

A companhia trabalha com o compromisso de prover a assistência necessária.

O Costa Concórdia navegava pelo Mar Mediterrâneo, depois de zarpar de Civitavecchia e com escalas programadas por Savona, Marselha, Barcelona, Palma de Mallorca, Cagliari e Palermo.

Cerca de 1.000 passageiros têm nacionalidade italiana, enquanto cerca de 500 são alemães e 160 franceses.

Entre os hóspedes estavam 46 brasileiros.

A empresa disponibilizou os seguintes números de telefone para informações: 55 11 2123-3673 e 55 11 2123-3679."

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